23 anos sem Paulo Freire

Paulo Freire foi um dos mais originais intelectuais que o Brasil teve porque organizou uma obra fundamental para entender o que é educação, acrescentou a essa reflexão uma maneira muito especial de desenvolver o conceito de autonomia, ofereceu a sua reflexão sobre autonomia, educação e consciência em uma obra consistente e que é referência no mundo todo.

É seguramente um personagem central na história da educação brasileira. Basta lembrar que ele foi o principal personagem da história do projeto de Angicos: De Pé no Chão Também Se Aprende a Ler, que deu origem a um método de alfabetização que tem por principal característica não desperdiçar a experiência do homem; tomar a pessoa em sua própria existência, valorizando amplos aspectos de sua cultura.

A primeira questão a valorizar na obra de Paulo Freire é a quebra de uma distância falsa entre cultura erudita e cultura popular, inaugurando um modo de pensar, educar e escrever que reconhece na experiência da própria pessoa, elementos fundamentais para que essa pessoa reconheça no ato do ler e escrever, a sua própria história, as suas dificuldades e suas possibilidades de superação.

Suas reflexões são atualíssimas, em poucos momentos da história de nosso país, tem sido tão necessário e urgente, retomar temas como: conscientização, rompimento da alienação, compromisso, e principalmente aquilo que ele dizia: “A leitura do mundo precede a leitura da palavra”, que diz respeito a importância de reconhecer em cada sujeito, um sujeito político da própria transformação de suas condições.

A obra de Paulo Freire é atual porque nós temos ainda demandas imensas no campo da educação, algumas sequer começaram.

Portanto ele é um pensador do nosso passado, o que nos honra; do nosso presente, o que nos inspira; e de nosso futuro, o que nos mobiliza.

Marcos Cezar de Freitas – Universidade Federal de São Paulo

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