O descumprimento da Agenda Global 2030 representa uma ameaça ao desenvolvimento sustentável

*Por Gilberto Alvarez

Recentemente, tive a honra de participar como palestrante no 33˚ Congresso FEHOSP, que teve como tema central “Saúde além do ESG: onde vamos parar?”. Durante o evento, pude compartilhar algumas reflexões pertinentes sobre a Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável, um conjunto de objetivos ambiciosos que visa promover o desenvolvimento sustentável em escala global, assumido por líderes de 193 Países, inclusive o Brasil, e coordenada pelas Nações Unidas, por meio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

São 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e 169 metas a serem atingidas no período de 2016 a 2030, relacionadas a efetivação dos direitos humanos e promoção do desenvolvimento, que incorporam e dão continuidade aos 8 Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, a partir de subsídios construídos na Rio + 20.

No entanto, ao analisarmos os dados e pesquisas mais recentes, nos deparamos com uma realidade preocupante: a maioria das metas estabelecidas na Agenda 2030 encontra-se em situação de retrocesso, estagnação ou progresso insuficiente. De acordo com estudos recentes, das 102 metas propostas, mais de 60% estão em retrocesso, enquanto cerca de 17% apresentam progresso insuficiente. Esses números alarmantes destacam a urgência de ações concretas para reverter esse quadro e promover avanços significativos em direção aos objetivos estabelecidos.

Entre os desafios que enfrentamos, as disparidades raciais e étnicas continuam a ser uma questão central em nossa sociedade. Os dados revelam que a extrema pobreza afeta de forma desproporcional as comunidades negras e indígenas, evidenciando as desigualdades estruturais que ainda permeiam nossas instituições e relações sociais. Por exemplo, mais de 73% das pessoas em situação de extrema pobreza são negras, enquanto apenas 25% são brancas.

Diante desse contexto alarmante, torna-se fundamental fortalecer a atuação da Comissão Nacional para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, promovendo uma governança efetiva e a implementação concreta da Agenda 2030 no Brasil. Isso requer não apenas o engajamento do estado brasileiro, mas também o envolvimento ativo da sociedade civil, em um esforço conjunto para enfrentar os desafios mais prementes e promover mudanças significativas em todas as esferas da vida.

Entre as recomendações para avançar na consecução dos objetivos da Agenda 2030, destacam-se medidas urgentes, como a superação do sistema de teto de gastos, a recuperação do valor real do salário mínimo e a resolução do endividamento das famílias em situação de extrema pobreza. Além disso, é fundamental promover uma reforma tributária progressiva que taxe a super riqueza e beneficie os trabalhadores de baixa renda.

No entanto, não basta apenas abordar as questões econômicas; é igualmente crucial investir em políticas públicas que garantam o acesso à terra, assistência técnica e extensão rural, saneamento básico, saúde e educação de qualidade para todos. Devemos também fortalecer os programas de combate à fome e à insegurança alimentar, garantindo o acesso a alimentos saudáveis e nutritivos para toda a população.

O fato é que a Agenda 2030 representa uma oportunidade única para construirmos um futuro mais sustentável e inclusivo para as gerações presentes e futuras. A Fundação Polisaber está comprometida em fazer a sua parte, contribuindo para o alcance desses objetivos por meio de ações concretas e parcerias estratégicas. Juntos, podemos transformar os desafios em oportunidades e construir um mundo melhor para todos.

*Gilberto Alvarez é diretor do Cursinho da Poli e presidente da Fundação PoliSaber

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